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Quando escuto falar de paz e guerra
Ocupação, poder ou violência
Toco silêncio e fico em continência,
Por honra e por amor a Ana sem terra.(1)
Fazendo a ronda de um acampamento
Conheci sua esperança e valentia
Ante a intenção de conhecer um dia
A terra própria para seu sustento.
Tinha tão arraigada em sua mente
A carência do chão que ela encerra,
Que a alusão popular de Ana sem terra,
Tornara-se efetiva e condizente.
Muitas vezes a vi, junto a seu povo,
Em momentos difíceis e intranqüilos,
Eu no ingrato dever de reprimi-los,
E ela querendo não me ver de novo.
Talvez inda prossiga nessa lida,
Fazendo frentes criando filhos,
Com a fé que remove os empecilhos,
Nos caminhos da terra prometida.
Mas nunca mais a vi, desde o momento
Em que ficamos entre guerra ou paz,
E ela partiu, com todo o acampamento,
No rumo de Eldorado Carajás.
1 Ana sem terra: alusão à personagem Ana Terra, do primeiro
livro, O continente, da trilogia. O tempo e o vento, de autoria
de Érico Verísimo. Emblema da mulher corajosa que, tendo perdido
todos os familiares, exceto seu filho Pedro Terra, defende a terra quando dos
conflitos no sul do país pela pela demarcação de fronteiras.
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Esta música é do CD
Canções que abraçam sonhos
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