'Cantamos... Porque nossos mortos e os sobreviventes querem que
cantemos.' Mário Benedetti
Um Canto pela Paz, ecoa num momento onde o império declara
guerra aos pobres do Afeganistão, como represália ao atentado
contra as torres gêmeas de NY e ao Pentágono, estes símbolos
da pujança capitalista do poderio bélico da nova Roma do
Século XXI, agora em crise existencial. A 'guerra ao terror' faz
vítimas entre crianças, culpadas por serem os alvos mais
fáceis dos mísseis estadunidenses à procura dos filhos de
Maomé. Abençoados pela fúria da opinião
pública ocidental, que parece ter perdido da memória os mais de um
milhão de mortos, sobrinhos do Tio Ho, no Vietnã. Das centenas de
milhares de almas inocentes desaparecidas no desabrochar atômico de
Hiroshima e Nagasaqui. Do apoio yankee ao genocídio indonésio
contra nossos irmãos do Timor Leste. Das ações covardes dos
bombardeios que aniquilaram mais de 130 mil crianças iraquianas. Mesmo
império, que impõe ao nosso continente a morte de centenas e
milhares de crianças vitimas da desnutrição e da fome.
Nós deste canto do mundo, cortados por 500 anos de violência do
LATIFÚNDIO, que sangra nossa história e nos condena a
navegar no obscurantismo de uma sociedade que resiste a acertar contas com seu
passado escravista, colonial, dependente. Brasil de Eldorado dos Carajás
e de tantos massacres de pobres, negros, índios, meninos de rua,
favelados, Cabanos, Canudos, Palmares. Brasil do silêncio e da dor
anônima, da tortura, da guerra subterrânea contra seu povo.
Brasil deste canto.Pulmão do mundo. Do Araguaia, do Amazonas, do
Tocantins, do Madeira, da várzea. Do Tapajós, dos
Carajás... Que como vulcão enfurecido jorra sentimento em forma de
música.Canto de Cláudio, Pedrinho, Adilson, Zeca, Munhoz, Ricardo,
Mário, Melônio, Curuperé, Gaya, César, Uchoa, Martin,
Ray, Manos da Baixada, Afonso, Eduardo, Arcano, Rafael, Carlos, Otávio,
Demilson, Edmilson e tantos braços e tantas vozes. Outros palcos nos
convocam, irmãos: nas ruas, acampamentos, escolas, greves, marchas,
ocupações.Uma nova intifada surge a cada esquina, porque,
como disse Leminsk ; 'Na luta de classes todas as armas são boas: pedras,
noites e poemas.' Obrigado companheiros, por nos ajudarem, nesses tempos de
guerra, a bombardear este mundo, com Um Canto Pela Paz!
Venceremos!
Direção Estadual do Movimento Sem Terra-Pará
Marabá, novembro de 2001
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